O mercado sempre privilegiou os melhores. Seja por terem os melhores produtos, seja por aproveitarem melhor as oportunidades que lhes são dadas. Normalmente, os melhores produtos ou oportunidades não estão em nosso caminho. E por nos prendermos a certas “verdades”, perdemos a chance de encontrá-los. Às vezes, é preciso explorar, desafiar alguns paradigmas.
Impressão 3D sempre esteve associada a desenvolvimento de novos produtos e esta atividade se torna nosso filtro com relação a esses equipamentos. Se temos desenvolvimento de novos produtos, podemos avaliar uma impressora 3D. Caso contrário, nem pensar.
Em desafio a este paradigma, temos visto a manufatura aditiva – definição mais ampla que engloba impressão 3D – tomar espaço e entrar em empresas que normalmente não fariam uso desta tecnologia, como, por exemplo, indústrias do ramo têxtil, T.I. e logística, apenas para nomear alguns.
Não é durante a criação de seus produtos que elas utilizam manufatura aditiva, mas dentro de suas fábricas, através da impressão de ferramentas, dispositivos e gabaritos para uso em produção. Para eles, não é a capacidade de se fabricar protótipos que os interessa, mas, sim, a capacidade de solucionar problemas de fabricação.
Toda fábrica, sem exceção, precisa de ferramentas que tornem seus processos ainda mais produtivos e menos dispendiosos. Mas, nem toda fábrica pode ou quer gastar dinheiro com isso. A manufatura aditiva nos permite pensar na melhor ferramenta para uma determinada operação e sem as limitações impostas pela manufatura tradicional. Nos permite pensar primeiro na função que o dispositivo ou gabarito deve desempenhar para, depois, desenvolvermos a geometria.
Sob este novo ponto de vista, podemos nos voltar para nossos produtos e desenvolver gabaritos exatos para cada forma de calçado que criamos. Esses gabaritos podem ficar na posição exata que precisamos enquanto realizamos as operações. Nossos equipamentos podem ser equipados com ferramentas especiais que facilitarão seu manuseio por parte dos operadores. A inspeção de qualidade pode ser otimizada através de ferramental específico para cada situação.
Ao contrário das ferramentas tradicionais, as feitas por manufatura aditiva não precisam ser obrigatoriamente mantidas, pois o arquivo digital de onde elas vieram já está armazenado e poderá ser impresso quantas vezes for necessário. Desta maneira, várias empresas têm economizado não apenas tempo e dinheiro, mas também o espaço necessário para as guardar.
Inovar, entre outros, significa “fazer algo como não era feito antes”. Assim, sugerimos que o leitor inove e pense nas possibilidades de se utilizar manufatura aditiva dentro de sua fábrica, construindo ferramentas e gabaritos para seus processos produtivos.
*A coluna MANUFATURA ADITIVA: A IMPRESSÃO 3D COMO ALIADA DA PRODUÇÃO foi escrita pelo Engenheiro de Aplicações da SKA Wilson do Amaral Neto, e publicada no ABINFORMA de agosto de 2019.