Por Alexandre Gonçalves
Engenheiro de Aplicações da SKA
Quando comecei a trabalhar com projetos em 3D, com o Mechanical Desktop, a primeira coisa que me ocorreu foi que poderíamos criar um projeto (Projeto X) e salvar ele como (Projeto Y) alterando apenas algumas dimensões (isso se chama parametrização) e logo em seguida teríamos esse projeto novo, maior ou menor, conforme a necessidade. Melhor ainda se nossos projetos pudessem funcionar como peças de Lego, que se encaixam com facilidade.
Então, entusiasmado apresentei a ideia para meu gerente, que logo em seguida sentenciou: “Isso não vai funcionar! ” e me contou a seguinte história: “Ano passado, nossos vizinhos já tentaram algo parecido com o Autocad e não deu certo. Eles criaram uma serie de equações que, ao fazer um projeto de capacidade maior (digamos 2 vezes) multiplica por 2 todo o dimensional. Essas equações multiplicaram também o motor utilizado, que ficou 2 vezes maior e que quando foi ligado, deu vida a máquina…ou seja, a potência era tanta que arrancou a máquina de suas chumbações e esta saiu andando pelo pátio. ” Nunca mais toquei no assunto, porém não deixei de acreditar em parametrização.
Dentro do SolidWorks existem 3 métodos básicos de fazer reaproveitamento de projetos, que são: Equações, Tabelas de Projetos ou Configurações e DriveWorks. O salvar como e alterar dimensões também funciona, porém não contém nenhum tipo de inteligência. Quando falamos em reaproveitamento de projetos o que realmente queremos é algo que seja:
1. Fácil de ser modificado/alterado;
2. Possa ser feito por outras pessoas, como mesmo grau de facilidade;
3. Possa ser feito rapidamente.
Então, estes 3 métodos mencionados acima podem nos ajudar a atingir esse objetivo, desde que o projeto a ser reaproveitado preencha alguns pré-requisitos:
1. A construção do projeto a ser reaproveitado permita o reaproveitamento;
2. O projeto possua partes ou mesmo o todo que possa aumentar/diminuir, dobrar capacidade, etc;
3. As mudanças possam ser representadas através de fórmulas matemáticas.
Quando comecei a trabalhar na SKA com o SolidWorks, um dos meus primeiros desafios foi fazer a parametrização de um transportador helicoidal. Nosso cliente, com o Autocad, fazia 1 projeto a cada 4 horas ou 2 projetos por dia e 10 por semana. Junto com o cliente (projetista), modelamos um transportador em 3D, montamos este pensando nas modificações que ele poderia sofrer no futuro e criamos um critério que, conforme a capacidade do transportador (T/h) o motor era escolhido de acordo com esta capacidade. A ferramenta que escolhemos foi o DriveWorks e todo o trabalho levou dois dias e já no terceiro estávamos prontos para realizar testes e apresentar os resultados para a diretoria.
Parametrizado com DriveWorks, o Solidworks conseguiu fazer 1 projeto a cada 1 minuto e 20 segundos. Em seguida Projetista precisava apenas revisar os detalhamentos (feito com auxílio do Design Checker) para ver se não ficaram faltando informações. Parâmetros podiam ser colocados por alguém da área de orçamentos e a impressão dos desenhos era feita automaticamente (através do agendador de tarefas do SolidWorks) após a revisão do Projetista. Tudo isso levava em torno de 5 minutos. Em 1 hora tínhamos 12 projetos e em 1 manhã 48 projetos.
Nem sempre o produto era entregue 100%. Havia casos em que solicitações do cliente não previstas não podiam ser feitas diretamente no DriveWorks e precisavam de ajustes (edições/modificações manuais), porém isto levava 1 hora (muito menos do que 4 horas).
Se você tem interesse em fazer algo parecido, sugiro:
1. Começar com algo pequeno, para adquirir conhecimento;
2. Não buscar 100% de parametrização já na primeira tentava (começo com 50%);
3. E não desista no primeiro obstáculo.
Para finalizar, peça ajuda da SKA para conhecer os diferentes métodos (caso ainda não os conheça) e como eles poderiam ser aplicados no produto da sua empresa.
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