Pensar a tecnologia aplicada à indústria já é lugar-comum: fábricas totalmente conectadas são a definição da manufatura inteligente, também conhecida como indústria 4.0. Mas e se levarmos a tecnologia a outras esferas? A simulação digital, que descarta a necessidade da fabricação de protótipos para teste de produtos, já é usada, por exemplo, na área saúde, ao simular e validar como próteses podem se comportar em corpos humanos, antes mesmo de seres testadas.
Já mais popular na indústria em braços robóticos, peças de reposição e dispositivos de fixação, a impressão 3D está indo além da produção seriada de bens para a medicina, tornando possível otimizar estratégias cirúrgicas, reduzindo tempo de operações e auxiliando na análise dos possíveis cenários.
Na última terça-feira, 04 de maio, em Salvador, BA, uma equipe multidisciplinar formada por profissionais da Maternidade de Referência Professor José Maria de Magalhães Netto e do Hospital Ana Nery realizou uma cirurgia para separação de bebês siameses. Essa é a primeira vez que um procedimento desse tipo é realizado por uma equipe totalmente baiana. E a manufatura aditiva foi fator importante neste procedimento.
Cerca de 50 profissionais de saúde se dedicaram a estudar o caso para preparação do procedimento durante os últimos quatro meses. Devido à complexidade da cirurgia, a empresa argentina Mirai 3D, que oferece soluções em processamento de imagens médicas e simuladores ultrarrealistas para treinamento médico foi acionada. Ela desenvolveu o design de um biomodelo anatômico dos bebês, uma réplica realística em proporções e condições, contemplando órgãos, ossos e tecidos, que foi impresso.
O biomodelo, gerado em polímero de Nylon PA12, foi impresso no Centro de Manufatura Digital da SKA em São Leopoldo (RS) em cerca de 12 horas. O equipamento escolhido foi a HP Jet Fusion 580, que diferentemente das tecnologias disponíveis no mercado, possui a tecnologia da MJF da HP, que entrega a precisão e resistência necessários, mesmo em peças já impressas coloridas, viabilizando a manipulação dos modelos e entregando maior agilidade e confiabilidade. Além de ser possível ver o que será operado, é possível manipular o biomodelo, já que a peça possui resistência, diferente das peças impressas em outras impressoras 3D disponíveis no mercado.
A cirurgiã Célia Britto, responsável pela equipe, conta que a impressão 3D da anatomia dos bebês permitiu estudar mais a fundo e de forma mais minuciosa o que será feito durante a cirurgia. “Acredito que ainda há muito espaço para crescer na área de simulação médica, pois quanto mais é usado, mais possibilidades surgem”, complementa Britto.
Para Vagner Cornelius, gerente comercial de manufatura aditiva da SKA, pensar no futuro da medicina é pensar também no uso desta tecnologia. “Repensar a engenharia não é apenas repensar como produzimos na manufatura, mas também como podemos usar as ferramentas que temos hoje para tornar a vida das pessoas melhor. E estamos dispostos a trabalhar como parceiros oferecendo uma tecnologia inovadora que faz diferença e revoluciona o mercado de impressão 3D aplicado à área médica”.
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